Desafios das Reformas Curriculares Frente ao Imperativo da Coesão Social

Resumo


O século XXI se tem iniciado sob o impacto dos paradoxos da globalização (UNESCO-IBE, 2003a). As sociedades humanas nunca antes experimentaram um crescimento tão grande do conhecimento científico e tecnológico ao mesmo tempo que uma dificuldade tão significativa para a implementação do mesmo em benefício de toda a população.

Todos estes paradoxos estão na origem de alguns fenômenos que se estão reforçando nas últimas décadas. Os movimentos populacionais estão crescendo. Hoje existem ao menos 175 milhões de "expatriados" no mundo, duas vezes mais do que em 1975 (IOM, 2002a). Destes, uma percentagem importante se está movendo pelo mundo, sem nenhuma direção exata: do Sul para o Norte, mas também do Norte para o Sul. Alguns deles podem ser chamados imigrantes genuínos, pois tentam integrar-se nos países de destino. Mas muitos outros se encontram numa situação de "nomadismo trabalhista" (Englisch, 2001), procurando ganhar-se a vida em países de condições climáticas extremas, tão diferentes como Finlândia e Arábia Saudita. Estes imigrantes se encontram estimulados para mudar seu lugar de residência pela promessa de situações econômicas mais favoráveis e novas oportunidades, mas permanecem interessados em manter um forte contato com seu país de origem onde deixaram a suas famílias e para as quais chegam a enviar até 100 mil milhões de dólares por ano (OIM, 2002b).

Esta nova realidade criou um desafio para a educação: Como pode ser ainda possível transformar a necessidade de emigração de um numa potencialidade real para o benefício mútuo dos países de origem e dos países de residência? Como evitar o risco de uma nova Idade Média? Como evitar o aprofundamento de ocos de comunicação? Como o mundo poderia realmente aceitar e integrar aos trabalhadores nómades, em lugar de perseguí-los? Para responder a estes interrogantes, um dos caminhos poderia ser a construção de identidades "glocales" num mundo multiétnico e numa sociedade multicultural: a sociedade global.

A construção de identidades glocales por todo mundo exige a criação de um novo conceito mundial de educação multicultural e multi-étnica, promovido através de um currículo capaz de tratar desafios globais e locais ao mesmo tempo (Braslavsky, 2003, inspirada em Beck, 1993). Nas páginas seguintes, abordassem-se: as razões para a mudança curricular apontadas por governos de diferentes países; algumas das características necessárias para o desenvolvimento de um currículo global; e algumas tendências preliminares observadas na maneira em que os currículos existentes se organizam ou não ao redor destas necessidades. Finalmente, se proporão algumas questões com respeito à promoção deste currículo glocal.


Referência original:
Braslavsky, C. (2004). Desafíos de las reformas curriculares frente al imperativo de la cohesión social. En: UNESCO/BIE. Reforma Curricular y Cohesión Social en América Latina. Paris, Ginebra: UNESCO/IBE.


Palavras chave


Educación mulicultural, educación inclusiva, currículo, políticas curriculares, cambio educativo.

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Referência

Braslavsky, C. (2006). Desafíos de las Reformas Curriculares Frente al Imperativo de la Cohesión Social. Revista Electrónica Iberoamericana sobre Calidad, Eficacia y Cambio en Educación, 4(2e), pp. 43-57.
http://www.rinace.net/arts/vol4num2e/art3.pdf. Acesso em (Data).